Setembro amarelo: mês de prevenção ao suicídio

Neste mês acontece a Campanha Setembro Amarelo, cujo objetivo é prevenir o suicídio, reduzindo preconceitos e conscientizando a população sobre os cuidados com a saúde mental, além de buscar a redução do estigma, por meio da informação responsável. A campanha é organizada desde 2013 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

O SINASEFE se soma à este movimento, desde 2022, defendendo a importância do fortalecimento e financiamento de políticas públicas multidisciplinares e denunciando os crescentes casos de assédios e de adoecimento de trabalhadores(as). Além disso, para o sindicato, a redução das altas taxas de suicídio e de adoecimento mental, demanda mudanças socioeconômicas efetivas, redução das jornadas de trabalho sem redução salarial e a luta por uma sociedade livre de desigualdades e de exploração.

Prevenção

O dia 10 de setembro é dedicado, mundialmente, à prevenção ao suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, podendo alcançar mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia. Entre 2010 e 2019, ocorreram no Brasil 112.230 mil mortes por suicídio. Houve um aumento de 43% nos casos
registrados.

Diante de dados como estes, é inegável a importância de tratar deste o assunto, sempre tendo em vista a luta por uma sociedade menos desigual e trazendo a pauta para o cotidiano: dando espaço para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise possam conhecer caminhos e possibilidades de buscar ajuda.

Trabalhadores(as)

Embora a campanha não se concentre exclusivamente em trabalhadores(as), o ambiente de trabalho é um assunto importante para abordar a questão do tema e reduzir o estigma associado à saúde mental e promover soluções e apoio para aqueles que lutam contra pensamentos suicidas.

De acordo com especialistas, o suicídio de trabalhadores(as) e a saúde mental no ambiente de trabalho são preocupações importantes a serem discutidos. Observam ainda que o estresse no trabalho, pressão excessiva, assédio, carga de trabalho excessiva e falta de apoio emocional podem contribuir para problemas de saúde mental entre os trabalhadores e as trabalhadoras.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2019, 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais receberam o diagnóstico de depressão. Estados do sul e sudeste têm 15,2% e 11,5%, respectivamente, de adultos com diagnóstico confirmado de depressão. Em seguida, o centro-oeste (10,4%), nordeste (6,9%) e norte (5%).

A Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho) por sua vez, exerce um papel fundamental de pesquisa na área de segurança e saúde no trabalho – fomentando estudos que possibilitem a prevenção de doenças, acidentes e mortes nos ambientes de trabalho. A biblioteca da instituição disponibiliza uma série de conteúdos técnico-científicos, acesse o acervo de forma gratuita e veja também a Revista Brasileira de Saúde Ocupacional – RBSO.

Adolescentes e jovens negros(as)

Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa e morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades, mas que reflete as cruéis desigualdades de etnia, gênero e sociais?.

Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.

Um dos grupos vulneráveis mais afetados pelo suicídio são os jovens e sobretudo os jovens negros, devido principalmente ao preconceito e à discriminação racial e ao racismo institucional. Muitas vezes as queixas raciais podem ser subestimadas ou individualizadas, tratadas como algo pontual, de pouca importância e ainda culpabilizando aquele que sofre o preconceito.

O estigma em torno do suicídio, aliado a elementos estruturantes como o racismo estão relacionados e contribuem para o silenciamento em torno da questão, além das dificuldades de se falar abertamente sobre o assunto.

As principais causas associadas ao suicídio em negros(as) são:

a) o não lugar,
b) ausência de sentimento de pertença,
c) sentimento de inferioridade,
d) rejeição,
e) negligência,
f) maus tratos,
g) abuso,
h) violência,
i) inadequação,
j) inadaptação,
k) sentimento de incapacidade,
l) solidão,
m) isolamento social.

Os modos de adoecer e morrer da população negra no Brasil refletem contextos de vulnerabilidade que são expressos em iniquidades em saúde. Esse dado é abordado na produção Óbitos por suicídio entre adolescentes e jovens negros – 2012 a 2016.

obitos_suicidio_adolescentes_negros_2012_2016

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