SINASEFE Mossoró participa do Julho das Pretas: Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver

Os dias 24, 25 e 31 de julho e 01 de agosto contaram com uma programação especial no Campus Mossoró do Instituto Federal do Rio Grande do Norte. Na ocasião, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) e entidades e grupos parceiros que se somaram à organização, como o Grêmio Estudantil Valdemar dos Pássaros (GEVP), o Núcleo de Artes (Nuarte), o Núcleo de Audiovisual (NUAV), o Clube do Livro, o Rabisco, o SINASEFE Seção Mossoró e a Incubadora de Tecnológica para o Fortalecimento dos Empreendimentos Econômicos Solidários do IFRN (IFSOL), realizaram uma série de atividades que compunham o evento “Julho das Pretas: Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver no IFRN Campus Mossoró”.

 

Mural do Julho das Pretas no hall de entrada do IFRN – Campus Mossoró

No dia 25 de julho é celebrado o Dia da Mulher Afrolatino-americana, Afrocaribenha e da Diáspora, data que inaugurou a realização do 1º Encontro de mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas na República Dominicana, em 1992. No Brasil, também comemoramos a data com o Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra desde 2014.

O dia 25 foi instituído enquanto data nacional através de lei federal nº 12.987/2014, na intenção de reconhecer e rememorar a trajetória de luta e resistência de Tereza de Benguela,  que foi líder do Quilombo de Quariterê por mais de duas décadas durante o século 18.  A mobilização ganhou forma e se expandiu: a data 25 de julho cresceu e transformou-se em um mês, o Julho das Pretas. 

O mês de julho, então, é marcado por inúmeras atividades no país inteiro, organizadas por diversas entidades, com o objetivo de fortalecer espaços para reflexão, resistência e celebração das mulheridades negras feministas, reinvidicando uma sociedade antirracista, antissexista, antiLGBTfóbica, anticapacitista e que contemple a diversidade de existências. A efeméride se volta a construir espaços de luta e articulação para equidade racial e de gênero, a partir da mobilização social para reinvidicação de políticas públicas de defesa, assistência e valorização das mulheres Afrolatino-americanas, Afrocaribenhas e da Diáspora.

No Campus Mossoró, construídos por estudantes, servidores e comunidade externa, os quatro dias de programação contaram desde a exibição de filme (“Estrelas Além do Tempo”, com participação dos estudantes da UERN membros do projeto Quarta-Cinematográfica) a rodas de conversa, oficina de tranças e discotecagem das pretas, atividades distribuídas nos três turnos em que a instituição opera. 

 

Cinedebate de “Estrelas Além do Tempo”, organizado pelo Núcleo de Audiovisual (NUAV), o projeto Quarta-Cinematográfica e o NEABI IFRN Mossoró na noite de quarta-feira (24/07)

As rodas de conversas da quinta-feira, 25, receberam a presença de grandes nomes da luta antirracista em Mossoró, como a vereadora Marleide Cunha, as militantes Ana Flávia Lira e Plúvia Oliveira, a agricultora Rosilene Oliveira, coordenadora da Rede Xique Xique, e a artista Cabocla de Jurema, que abriu a programação do dia com uma apresentação musical. Enquanto a roda de conversa era realizada, acontecia simultaneamente a Feira ECOSOL, convidada para participar da atividade com a comercialização de produtos agroecológicos e artesanais, oriundos da Economia Solidária, acompanhada de uma degustação de cuscuz e sucos de polpas agroecológicas. 

Feira da Economia Solidária do IFRN em parceria com NEABI-MO e SINASEFE Seção Mossoró

Na semana posterior, 31/07, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas convidou as trancistas e especialistas Gabi Oliveira (Casa Muse) e Ébano Tranças para ministrarem uma oficina de tranças pela manhã e tarde. O momento de trocas discutiu cultura e estrutura racial, acompanhado da demonstração de trançar por elas e reprodução pelos presentes – estudantes, servidores e comunidade externa.  

Oficina de tranças no período vespertino

No mesmo dia, o NEABI, com auxílio do coordenador geral José Amaral, organizou a Discotecagem das Pretas no Hall de entrada do Campus Mossoró. Durante a atividade, foram expostos e reproduzidos discos de mulheres negras latino-americanas e caribenhas, na intenção de se resgatar e divulgar suas produções, sobretudo às artistas que tiveram/têm suas obras invisibilizadas pelo cenário artístico racista e machista em que estavam/estão inseridas.

Já no mês de agosto, no dia 01/08, o professor de Português e Literatura Demóstenes Vieira, junto ao Clube do Livro, conduziu a leitura e discussão do conto “Olhos D’água” de Conceição Evaristo. Durante o momento, histórias e comentários sobre maternidade, ancestralidade e mulheridades foram compartilhadas, em um momento sensível e coletivo para conclusão do evento. 

A estudante do quarto período da Licenciatura em Matemática no IFRN, Vitória Régia, afirma que eventos como esse são “divisores de água na vida do estudante” porque afirma que foi por meio de uma palestra que se reconheceu enquanto uma mulher negra. 

Sara Gabryela, estudante do primeiro ano do curso técnico em Meio Ambiente e bolsista do Projeto Afrocientistas, reforça a importância da realização de eventos como o Julho das Pretas “em muitos cursos que eles [alunos e docentes] fazem aqui no campus existem mulheres negras que são essenciais para a criação das ciências que eles estão estudando, mas eles não fazem ideia porque elas foram invisibilizadas”.

A coordenadora-geral Euza Raquel, por sua vez, declarou que “o movimento sindical precisa se apropriar de pautas que percebam suas sindicalizadas e sindicalizados como sujeitos e compreender que precisamos de um sindicalismo antirracista”. 

Além da Diretoria valorizar as lutas contra as formas de opressão e se articular em defesa dos direitos das/os trabalhadoras/es e terem se engajado na organização do Julho das Pretas, Euza Raquel ressalta que as coordenadoras gerais também compõem o NEABI e o IFSOL, que também são entidades organizadoras das atividades.

 

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